Ningúem foge à
lei de reencarnação.
Ontem, atraiçoamos
a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral.
Hoje, guardamo-lo na condição
do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.
Ontem, abandonamos a jovem
que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício.
Hoje, temo-la de volta por filha incompreensiva,
necessitada de nosso amor.
Ontem, colocamos o orgulho
e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia dos exemplos menos
felizes.
Hoje, partilhamos com ele, à feição
de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo
da redenção.
Ontem, esquecemos compromissos
veneráveis, arrastando alguém para o suicídio.
Hoje, reencontramos esse mesmo alguém
na pessoa de um filhinho, portador de moléstia terrível,
tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.
Ontem, abandonamos a companheira
inexperiente, à mingua de todo auxílio, situando-a nas garras
da deligência.
Hoje, achamo-la ao nosso lado, na presença
do esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso
infatigável da tolerância.
Ontem, dilaceramos a alma
sensível de pais afetuosos e devotador, sangrando-lhes o espírito,
a punhaladas da ingratidão.
Hoje, moramos no espinheiro, em forma de
lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar
carinho e fidelidade.
À frente de toda
dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que
possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência,
ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos
aqueles que te injuriam...
A humildade é a chave da nossa libertação.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos
na família, é preciso reconhecer que toda construção
moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis
da luta em casa |