O INÚTIL LUAR |
|
|
|
É noite. A Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia...
Dormem as sombras na alameda
Ao longo do ermo Piabanha.
E dele um ruído vem de seda
Que se amorfanha... |
|
No largo, sob os jambolanos,
Procuro a sombra embalsamada
(Noite, consolo dos humanos!
Sombra sagrada!) |
|
Um velho senta-se ao meu lado
Medita. Há no seu rosto uma ânsia...
Talvez se lembre aqui,coitado!
De sua infância. |
|
Ei-lo que saca de um papel...
Dobra-o direito, ajusta as pontas,
E pensativo, a olhar o anel,
Faz umas contas... |
|
Com outro moço que se cala,
Fala de uma compleição raquítica.
Presto atenção ao que ele fala:
- É de política. |
|
Adiante uma senhora magra,
Em ampla charpa que a modela,
Lembra uma estátua de Tanagra.
E, junto dela, |
|
Outra a entretém, a conversar.
- "Mamãe não avisou se vinha.
Se ela vier, mando matar
Uma galinha." |
|
E embalde a Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia... |
|
|
|
|
|
RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS ! |
Não é permitida, sem prévia
autorização, |
a reprodução desta página. |
Obrigada ! |
WebDesign
: Angela Cecilia
|
|
|