A TEMPESTADE
 
A TEMPESTADE
A TEMPESTADE

O PÁSSARO e o HOMEM têm necessidades diferentes.
O HOMEM vive à sombra de leis e tradições por ele inventadas;
O PÁSSARO vive segundo a lei universal que faz girar os mundos.

 

Acreditar é uma coisa, viver conforme o que se acredita é outra.
Muitos falam como o mar, mas vivem como os pântanos.
Muitos levantam a cabeça acima dos montes, porém sua alma jaz nas trevas das cavernas.

 

A civilização é uma árvore idosa e carcomida, cujas flores são a cobiça e o engano e cujos frutos são a infelicidade e a inquietação.

 

Deus criou os corpos para serem os templos das almas.
Devemos cuidar desses templos para que sejam dígnos da divindade que neles tem morada.

 

Procure a solidão para fugir dos homens, de suas leis; de suas tradições e de seu ruído.
Os endinheirados pensam que o sol e a lua e as estrelas levantam-se de seus cofres e se deitam nos seus bolsos.

 
Os políticos enchem os olhos dos povos com poeira dourada e seus ouvidos com falsas promessas.
 

Os sacerdotes aconselham os outros, mas não aconselham a si mesmos, e exigem dos outros o que não exigem de si mesmos.
Vã é a civilização. E tudo que está nela é vão.
As descobertas e invenções não são mais brinquedos, com a mente se divertindo no seu tédio.

 
Cortar as distâncias, nivelar as montanhas, vencer os mares, tudo isso não passa de aparências enganosas, que não alimentam o coração nem elevam a alma.
 
Quanto a esses quebra-cabeças, chamados ciências e artes, nada são senão cadeias douradas com as quais os homens acarretam-se, deslumbrados com seu brilhar e tilintar.
 
São os fios da tela que o homem tece desde o início do tempo, sem saber que, quando terminar sua obra, terá construído a prisão dentro da qual ficará preso.
 
Uma coisa só merece nosso amor e nossa dedicação, uma coisa só...
 

É o despertar de algo no fundo dos fundos da alma.
Quem sente, não pode expressar em palavras.
E quem não o sente, não poderá nunca o conhecer por palavras.
Faço votos para que aprendas a amar as tempestades em vez de fugir delas.


Khalil Gilbran
A TEMPESTADE

 

 
 
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